Aconteceu no Grupo Sinos
Grupo Sinos passa a fazer parte do Projeto Comprova
Coalizão de veículos de comunicação trabalha desde 2018 para combater a desinformação no País - 04/06/2021

Os jornais do Grupo Sinos estão se unindo a outros 32 veículos de comunicação das cinco regiões do Brasil para combater a desinformação. Batizada de Projeto Comprova, a coalização de jornais, revistas, portais, agências de notícias e emissoras de televisão surgiu em 2018 para investigar de forma colaborativa os conteúdos suspeitos que circulam nas redes sociais e agora entra em sua quarta fase.

O Projeto Comprova é uma iniciativa sem fins lucrativos liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e que conta com financiamento do Facebook Journalism Project e do Google News Initiative. As duas gigantes da Internet fornecem suporte técnico e treinamento para as equipes envolvidas, com o objetivo de enfraquecer a circulação de notícias falsas especialmente em redes sociais e grupos de troca de mensagens.

Além dos jornais do Grupo Sinos, passam a fazer parte do Comprova o Correio Braziliense, a revista Crusoé, a Tribuna do Norte (RN), O Liberal (PA) e a agência especializada em temática racial Alma Preta. Já integram a iniciativa veículos como Band, UOL, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Correio do Povo, Poder360 e Agência France-Presse (AFP).

Para o presidente da Abraji, Marcelo Träsel, o ingresso de novos integrantes evidencia a consolidação do projeto. “O Comprova é o maior projeto colaborativo entre redações brasileiras de que se tem notícia, e a participação de cada vez mais organizações locais e especializadas vai tanto ampliar a diversidade, quanto aumentar a capilaridade do conteúdo produzido”, afirma Träsel.

O presidente da Diretoria Executiva do Grupo Sinos, Fernando Gusmão, destaca que a adesão ao Projeto Comprova reafirma a importância do jornalismo regional e agrega mais conteúdo responsável à rotina dos assinantes. “A produção de conteúdo relevante requer cada vez mais apuração, checagem e conferência para separar o que é fato do que é boato. Com o Projeto Comprova, vamos ampliar este trabalho e alertar o leitor para muita inverdade que circula nas redes sociais”, resume.



Como funciona


As equipes do Comprova verificam a veracidade de textos, imagens e áudios compartilhados nas diversas plataformas de redes sociais e em aplicativos de mensagens seguindo metodologias desenvolvidas pela First Draft, organização internacional que pesquisa desinformação e oferece treinamento para jornalistas que atuam no combate ao fenômeno. As investigações são feitas colaborativamente por jornalistas de diferentes meios e são revisadas por no mínimo três outros jornalistas, de veículos que não participaram da investigação.

O Comprova já publicou 520 verificações de conteúdos de grande repercussão desde o início das atividades. Essas reportagens, multiplicadas pelos membros da coalizão, se transformaram em milhares de publicações multiplataforma.



No radar, políticas públicas e pandemia


Na quarta fase o Projeto Comprova dá sequência ao trabalho de verificação de conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e a pandemia de Covid-19 que se tornam virais nas redes sociais e aplicativos de mensagem. Depois de prontas, as checagens são disponibilizadas para veiculação em todos os meios de comunicação que integram a iniciativa. No Grupo Sinos, todas as verificações serão publicadas nos sites e, as principais, também nos impressos. A média tem sido de um assunto por semana. Eles são classificados com quatro etiquetas claras quanto ao resultado da investigação:

Enganoso: esta etiqueta significa que o conteúdo foi retirado do contexto e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Falso: esta etiqueta simboliza conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Sátira: memes, paródias e imitações publicadas com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros.

Comprovado: Fato verdadeiro; evento confirmado; localização comprovada; ou conteúdo original publicado sem edição.



Jornalismo de qualidade


“Elevar o jornalismo de qualidade é um dos objetivos principais da Google News Initiative. O trabalho pioneiro do Comprova é parte fundamental para a manutenção de um ecossistema de informação aberto e de qualidade, com diversos pontos de vista, contribuindo para sociedades mais justas e democráticas. É com grande orgulho que apoiamos a coalizão pelo quarto ano consecutivo nessa data tão especial que é o dia da imprensa.” Marco Túlio Pires, diretor do Google News Lab para o Brasil.


“Apoiar o Comprova pelo quarto ano consecutivo e ver cada vez mais veículos brasileiros se juntando a esse esforço colaborativo contra a desinformação nos deixa muito felizes. No Facebook, estamos comprometidos com a integridade do ecossistema de informação e em aproximar as pessoas de informações de qualidade que lhes permitem tomar as melhores decisões.” Dulce Ramos, gerente de Programas com Veículos de Notícias na América Latina do Facebook.


É ENGANOSO...

...que Lei Paulo Gustavo tenta liberar R$ 4 bilhões da Lei Rouanet


São enganosos os textos segundo os quais a “esquerda usa o nome de Paulo Gustavo para tentar liberar bilhões da Lei Rouanet”. Os textos em questão se referem a um projeto de lei que existe, foi apresentado pela bancada do PT e homenageia o ator Paulo Gustavo, morto no início de maio vítima de complicações da Covid-19. A verba à qual o projeto se refere, no entanto, não tem relação com recursos da Lei Rouanet, legislação de incentivo à cultura rotineiramente alvo de conteúdos falsos e enganosos.

O projeto 73/2021, dos senadores petistas, versa sobre o Fundo Nacional de Cultura (FNC), que foi criado em 1986, antes da Lei Rouanet, e apenas ratificado por ela, em 1991. Ao contrário da Lei Rouanet, que concede incentivos fiscais para empresas que patrocinam eventos culturais, o FNC prevê o repasse de recursos do orçamento a projetos culturais específicos, por meio de editais. O objetivo do projeto é evitar que os recursos previstos no FNC e não utilizados sejam usados para outros fins.



Como verificamos


O Comprova iniciou a verificação buscando as últimas notícias sobre a Lei Paulo Gustavo e sua possível relação com a Lei Rouanet. Depois, foi ao site do Senado para ler a íntegra do projeto 73/2021 e entender do que se trata o projeto de lei complementar.

A equipe chegou ao texto verificado por meio de um compartilhamento feito no Facebook que teve milhares de interações. Conversamos com o usuário da rede social que fez o compartilhamento do texto, publicado no blog Por Dentro da Política. Em seu perfil no Facebook, ele se identifica como editor-chefe do site Por Dentro da Política. No contato com o Comprova, o homem afirmou que replicou a publicação por se tratar de um texto de autoria de um site de sua confiança, e citou o Jornal da Cidade Online.

Na sequência, o Projeto Comprova encontrou no Jornal da Cidade Online um artigo com o mesmo título usado pelo Por Dentro da Política. Os textos são muito parecidos. O Comprova entrou em contato com o Jornal da Cidade Online, que não deu retorno até a publicação desta reportagem.

O Comprova também conversou com a assessoria de imprensa do senador Paulo Rocha (PT-PA), um dos autores do projeto de lei. Solicitou o contato do especialista que desenvolveu o relatório do projeto e foi encaminhado o telefone de Marcos Souza, assessor da liderança do PT no Senado, com quem a equipe do Comprova conversou.

A Secretaria Especial de Cultura foi procurada por e-mail, mas não retornou conforme prometido.



Por que investigamos?


Em sua 4ª fase, o Comprova checa conteúdos possivelmente falsos ou enganosos sobre a pandemia ou políticas públicas do governo federal que tenham alcançado alto grau de viralização, como o caso do post verificado. A publicação do blog Por Dentro da Política somou, no grupo Conservadores, do Facebook, 3.844 interações até ontem, sendo 2,2 mil reações, 1 mil comentários e 644 compartilhamentos. A Lei Rouanet há anos é alvo de conteúdos falsos ou enganosos nas redes sociais. Ao longo de 2020, a Lei Aldir Blanc, que dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural, passou a ser vítima de postagens semelhantes. As informações falsas ou enganosas confundem o cidadão acerca do real objetivo delas e também sobre a origem e aplicação de recursos públicos.